A Gestão Orçamental
A conjuntura actual e o desenvolvimento económico
conduzem as empresas a uma gestão permanente de todos os seus processos
implementados. A constante previsão do futuro é um factor chave na redução dos
riscos decorrentes dos investimentos efectuados e permite uma tomada de decisão
prévia e ajustada à situação do mercado. As características, externas à empresa,
promovem a permanente evolução das mesmas e dos respectivos mercados. Desta
forma, os gestores têm um papel determinante para que a inovação, a qualidade e
a excelência estejam presentes em todas as actividades da empresa (Carvalho,
2014).
A
gestão orçamental caracteriza-se pelo planeamento das atividades da organização
em que o planeamento se traduz por orçamentos que são planos de acção que fixam
em quantidades, valores e prazos, os meios a utilizar e os rendimentos ou
operações a realizar, comparando-se periodicamente os objectivos com as
realizações (Ferreira et al., 2014: 451-452).
O processo de planeamento e
orçamentação
A gestão orçamental apresenta-se como um conjunto amplo de
tarefas que pretende afectar eficazmente os recursos escassos da empresa. O
principal objectivo será cumprir as metas propostas pelo orçamento. Para tal,
as empresas seguem estratégias e procedimentos que são, muitas vezes, expostos
nos orçamentos. Assim, os orçamentos servem para informar todos os colaboradores
e stakeholders das políticas a tomar e dos objectivos que a empresa se
propõe a atingir. A elaboração dos orçamentos compreende diversas fases, como o
planeamento e o controlo orçamental, que elevam o bom funcionamento da gestão
da empresa (Caiado, 2009).
O
planeamento e a orçamentação são mecanismos usados pela gestão para projectar
todas as acções futuras da empresa. O planeamento de longo prazo debruça-se
sobre o futuro da empresa. A sua importância para a gestão orçamental prende-se
com a capacidade de análise e de mudança perante o futuro. Com a determinação
da evolução previsível do ambiente externo, esta ferramenta permite uma
adaptabilidade ao mesmo, de forma a aproveitar as oportunidades e mitigar as
ameaças vindas do mercado. Ao orientar-se para o longo-prazo, o planeamento
possibilita um desenvolvimento coerente da empresa e também uma comunicação e
integração entre superiores e subordinados. Para além disto, ao completar-se
com a orçamentação, que se preocupa com o desempenho de curto-prazo da empresa,
permite uma melhoria da gestão orçamental. Para evitar desperdícios e melhorar a afectação dos recursos, estes dois
mecanismos são fundamentais (Jordan et al. 2005).
Planeamento Orçamental
O
planeamento é um “processo que conduz à escolha de orientações e actividades a
desenvolver” (Jordan et al., 2005). Segundo Carvalho (2014), o
planeamento consiste no processo baseado na coordenação das actividades e na
definição de objectivos para aumentar a probabilidade de se alcançarem os
resultados futuros pretendidos. A estratégia pode ser definida com recurso a
estudos de mercado, onde se analisam os factores externos que influenciam a
entidade. Nomeadamente, as políticas de mercado, os concorrentes, os clientes e
todos os agentes económicos, sociais e legais, que afectam a actividade da
empresa. Ao analisarmos estes sinais do mercado em conjunto com a análise
interna da empresa (estudo dos recursos disponíveis e da estrutura
organizacional que permitem a perceção dos pontos fortes e fracos) podem definir-se
estratégias a seguir para orientar a organização para a concretização dos
objectivos (Martins, 2011).
As
empresas com níveis de gestão de elevada qualidade possuem uma estrutura base,
onde estão definidos planos de ação (de curto, médio e longo-prazo) que guiam
as atividades com vista à materialização dos objectivos propostos (Pereira e
Franco, 1994). Esta programação com metas de diferentes maturidades permite uma
orçamentação global dinâmica e eficaz, que contribuirá para uma melhoria da
qualidade da gestão. Os planos de ação devem ser desafiantes para os
colaboradores. O aumento da exigência interna faz com que a excelência na
execução dos processos esteja mais perto de ser alcançada. Assim, os planos
necessitam de ser apresentados com um reduzido grau de complexidade. A
exequibilidade e sustentabilidade dos mesmos são fundamentais para que a sua
aceitabilidade por parte de todos os colaboradores da organização seja
conseguida (Hirst e Yetton,1999).
As
diferentes maturidades do planeamento permitem que os planos sejam
percecionados de forma diferente. A planificação de longo prazo designa o
planeamento estratégico da empresa e representa o rumo geral a adoptar,
preocupando-se com factores como o crescimento do capital, a quota de mercado e
os objectivos gerais da organização. Isto é, evidencia a estratégia adoptada
pela empresa no mercado. O planeamento estratégico é o “processo de decisão
sobre os objectivos da empresa e das estratégias para os atingir. Este
planeamento é realizado a partir do topo da empresa, ou por exemplo, no caso da
Organizações M.M., Lda., uma vez que é o
detentor de 100% do capital da empresa. O instrumento mais utilizado é o
chamado plano estratégico ou plano de negócio. Já a planificação de médio prazo
promove um programa de acção, coordenado e controlado, que respeita a
orientação geral fixada. A intenção é definir a operacionalidade em função das
directrizes e objectivos estratégicos. O instrumento utilizado neste caso é o
plano operacional ou plano de acção. Por fim, uma última óptica de planeamento
concentra-se no curto-prazo. Onde são mensuradas todas as acções planeadas para
o ano subsequente, ou seja, traduz-se financeiramente os objectivos
estratégicos e os planos de acção a curto prazo. Neste caso, os documentos mais
utilizados são os orçamentos (Costa, 2012).
Apesar do planeamento ser alargado a diferentes momentos do tempo, torna-se imprescindível que os planos traçados estejam interligados, que respeitem a missão, a visão, os valores da empresa e que sejam sustentáveis do ponto de vista financeiro. Neste sentido, a hierarquização das actividades é fundamental, sendo que o orçamento anual surge da definição desse guia de acção (Pereira e Franco, 1994).
Orçamento
O
orçamento pode ser definido como sendo um documento formal que engloba todas as
acções futuras da empresa, mensuradas em termos monetários e físicos. Este
plano define as actividades para um curto horizonte de tempo, normalmente um
ano civil. Este instrumento da gestão compreende diversas funções. Pode ser
visto como uma ferramenta de descentralização, de motivação e de planeamento.
Descentraliza funções e responsabilidades pelos níveis hierárquicos da
organização. Apresenta-se como um motor motivacional para todos os
colaboradores a fim de concretizar os objectivos propostos. Por fim, ao servir como
base ao planeamento das actividades da empresa, obriga os gestores a um
permanente controlo e monitorização (VanDerbeck, 2010).
O
orçamento estabelece objectivos específicos para cada secção da empresa e
compara constantemente a realidade com as projecções. Assim, o orçamento é
visto como um método de planeamento financeiro detalhado, que engloba toda a
coordenação e controlo das rubricas do balanço e das demonstrações de
resultados (Hansen e Mowen, 2007; Caiado, 2009; VanDerbeck, 2010). Apesar destes
três autores terem concebido definições distintas para o orçamento, ambos
concordam sobre a importância que o mesmo tem no desempenho da gestão
empresarial.
Para
Caiado (2009), o orçamento é uma ferramenta imprescindível de gestão definida
como um relatório dos resultados esperados, expressos de maneira quantificada,
que traduz em números todos os outros tipos de planos.
Por
outro lado, Hansen e Mowen (2007) afirmam que o orçamento consiste num plano
financeiro abrangente para a organização, que acarreta vários benefícios. Entre
os quais se destacam a pressão sobre os gestores para efectuarem o planeamento,
a disponibilização da informação útil, que pode ser usada para aperfeiçoar o
processo de tomada de decisão, o apoio na definição da alocação dos recursos
que será, na sequência, usado na avaliação de desempenho, e o aperfeiçoamento
da comunicação e da coordenação. Desta forma, os autores defendem que o
orçamento tem de incluir os objectivos da empresa e que o planeamento se deve
basear em estudos detalhados dos ambientes externo e interno da empresa.
VanDerbeck
(2010) acrescenta a estas duas visões que o orçamento anual tradicional deve
ser preparado com um ano fiscal de antecedência. Adicionalmente, o autor afirma
que este método orçamental tradicional está normalmente dividido em
quadrimestres e tem o detalhe mensal para cada rubrica do mesmo.
O
orçamento é compreendido como um guia que orienta os gestores ao longo do
tempo, permitindo que os mesmos monitorizem e controlam todas as actividades. A
percepção do desvio ao plano inicialmente traçado fica mais facilitada e os
ajustamentos são, consequentemente, incluídos de forma mais acelerada. De
acordo com Caiado (2009) e VanDerbeck (2010), pode-se concluir que as
principais características que o orçamento deve conter são:
Ø Ter
como base a conjuntura económica que a empresa enfrenta, com especial atenção
para as particularidades do sector, compreendendo de que forma se podem
ultrapassar essas ameaças externas e aproveitar as oportunidades.
Ø Definir
objectivos globais e objectivos específicos de cada departamento ou secção da
empresa é imprescindível. Esses objectivos devem ser claros, simples,
quantificados, exequíveis e sustentados.
Ø Controlar
e comparar os resultados previstos com a realidade deve ser realizado de forma
periódica e mais curta possível.
Ø Ser
um plano adaptável a circunstâncias inesperadas. A flexibilidade para se
modificar o plano é um fator importante, para que seja possível uma atuação
mais rápida de acordo com as novas condições.
Ø Deve
servir de base ao planeamento, coordenação, comunicação, motivação, controlo e
avaliação do desempenho organizacional.
Ø Por
fim, para que todos entendam e defendam os objectivos propostos e para que a
análise seja precisa, é essencial definir responsabilidades. Posto isto, a
atribuição da responsabilidade pela previsão dos custos e dos proveitos reais
da empresa tem de ser esclarecida previamente.
Existem
diversas tipologias de orçamentos. Needle (2010) afirma que o orçamento anual
tradicional é composto por um conjunto de orçamentos operacionais e financeiros
que decompõem as atividades para um período de tempo. A visão de VanDerbeck
acerca deste tipo de orçamento também já foi referida neste relatório.
O
orçamento de base zero é outra tipologia utilizada nas organizações. A
filosofia deste orçamento defende o romper com o passado, isto é, afirma que
não se devem basear as projeções nas observações passadas. Uma vez que, os
dados anteriores podem conter ineficiências e só desta forma elas podem ser corrigidas.
A proposta do orçamento de base zero procura questionar cada gasto e cada
estrutura da empresa, de modo a verificar a necessidade de utilização desses
recursos. Para Needle (2010) esta pode ser uma alternativa ao orçamento
tradicional. Segundo o autor, ao obrigar-se os responsáveis a detalhar cada
recurso e despesa que pretendem efetuar, o controlo e a eficiência tronam-se
mais eficazes.
VanDerbeck
(2010) refere ainda outro tipo de orçamento, o orçamento contínuo. Este está em
constante actualização e associa-se a uma ideia de longo-prazo. As empresas, em
vez de se concentrarem num período curto do tempo, adaptam constantemente o
orçamento à realidade da organização. Por fim destaca-se um último tipo de
orçamento, o flexível. Este surgiu para colmatar um problema do orçamento
tradicional. Uma vez que o tradicional é elaborado para um nível de actividade,
o orçamento flexível determina o comportamento para diferentes níveis de
actividade.
O
orçamento é a expressão física e monetária do plano anual das actividades a
desenvolver na empresa, transmitindo a previsão operacional, económica e
administrativa da gestão, originada pela conjugação dos recursos disponíveis
com a análise externa do mercado.
Estrutura do Processo Orçamental
A
investigação acerca da estrutura do processo orçamental baseia-se no estudo de
(Caiado, 2009), que apresenta 3 grandes fases para a elaboração do processo
orçamental.
A
primeira fase consiste na constituição dos orçamentos de cada departamento ou
secção da empresa, normalmente para o período de um ano. Estes orçamentos
dependem das actividades desenvolvidas pelas empresas, dos produtos oferecidos
e da organização da estrutura interna das entidades. O orçamento de gastos
gerais de fabrico, de custo das vendas, de custos com o pessoal, de custos de
distribuição e de consumo e compra de matérias-primas podem ser alguns exemplos
de orçamentos específicos, que são incorporados no orçamento anual da empresa.
Na
segunda fase, a monitorização e controlo são as principais ferramentas utilizadas.
Através do registo da actividade real da empresa, realiza-se a comparação com
as previsões iniciais dos orçamentos. Assim, alcança-se a última fase, onde se
apuram os desvios orçamentais.
Nesta
terceira e última fase, a análise dos desvios servirá de mote à tomada de
decisão, por parte da administração. A mesma poderá corrigir eventuais erros
futuros de desvios orçamentais, ou por outro lado, continuar com a supervisão
existente, se os resultados permanecerem de acordo com as previsões iniciais.
Controlo orçamental
Frezatti (2014, pag.82), define controlo
orçamentário como um instrumento da contabilidade gestão que deve permitir à
organização identificar quão próximos estão seus resultados em relação ao que
planeou para dado período. O gestor deve identificar suas metas, os resultados
alcançados, as variações numéricas entre eles, analisar, entender as causas da
variação e decidir acções que ajustem as metas no futuro ou que permitam manter
aquelas que foram decididas.
O controlo orçamental é uma das técnicas mais utilizadas no
controlo de gestão, o qual se apresenta
como um método facilitador e de melhoria nas tomadas de decisão nas empresas,
sendo considerado de grande utilidade na gestão orçamental e no controlo de
gestão por ser um instrumento de acompanhamento dos objectivos e dos recursos
definidos anteriormente no orçamento e no plano estratégico.
Esta técnica surgiu nos Estados Unidos quando foi utilizada pela
1ª vez na Dupont de Nemours e depois na General Motors, seguindo-se a sua propagação
pela Europa em 1950.
Este método baseia-se nos orçamentos e, portanto, apresenta duas
funções essenciais - a planificação e o controlo. Estas são indissociáveis pois
é necessário planificar para determinar uma ação a seguir mas é igualmente necessário
controlar se os objectivos são cumpridos e se seguem correctamente a acção
definida na planificação.
No entanto, de forma a obter um bom controlo sobre a acção a
decorrer, é essencial a existência de uma gestão dos desvios entre os resultados
pretendidos e os obtidos. Assim, qualquer organização deve dispor de sistemas
de previsão e de controlo que permitam aos gestores:
a)Definir
objectivos atingíveis e, para tal, aprofundar o conhecimento da organização;
b) Definir
planos de acção e acompanhar o desenvolvimento de cada acção;
c) Através do
acompanhamento dos resultados da organização conseguir detectar desvios;
d) Ser
detentor de várias acções correctivas a possíveis desvios encontrados.
Então, é possível perceber que o processo de gestão orçamental
passa por duas fases: a fase de elaboração dos orçamentos e a fase do controlo
dos mesmos.
Tal como já referido, na primeira fase – elaboração de
orçamentos – são definidos os objectivos a atingir no ano seguinte e calculados
os recursos necessários a consumir para alcançar esses mesmos objectivos. Nesta
fase programam-se, também, as acções que serão desenvolvidas para tal.
A segunda fase deste processo baseia-se num controlo constante
dos resultados, por exemplo mensalmente, onde se irá comparar os resultados
desejados e os reais, com o objectivo de descobrir possíveis desvios do
pretendido.
Através destes desvios o gestor será alertado para alguma
diferença não expectável podendo, assim, definir acções correctivas à mesma,
alcançando novamente a direção pretendida.
Deste modo, é possível perceber que o uso deste método apresenta
diversas vantagens para qualquer organização como, por exemplo, uma redução dos
custos, uma melhor organização na empresa, um controlo de tesouraria mais
eficaz e uma gestão comercial mais percetível. Assim sendo, a política geral da
organização será mais realista, providenciando uma maior rentabilidade, um
melhor bem-estar entre o pessoal, entre outras vantagens.
As diversas melhorias que este método vem trazer às organizações
devemse essencialmente ao facto de ser um método moldável à estrutura e à
natureza de cada uma das organizações, sendo, por isso, utilizável em qualquer
tipo de empresa.
A gestão orçamental é pois um instrumento de planificação, de
valorização e de controlo de uma organização que apenas se torna viável e
eficaz caso esteja devidamente adaptada à realidade da organização.
No caso de uma empresa optar pela segmentação de mercado, o seu
controlo orçamental será tão eficaz como nos centros de responsabilidade. A
grande distinção entre estas duas estruturas é o facto de os centros de
responsabilidade se equipararem a unidades de negócio independentes, podendo
ser avaliados de um modo autónomo em vez de global.
Assim, todo o processo desde a estratégia até ao controlo é
elaborado por centro de responsabilidade, definindo objectivos e planos de
acção para cada um, controlando mensalmente os resultados atingidos com os
previstos.
Então, a gestão orçamental de um centro de responsabilidade
pretende:
·Definir objectivos/outputs por centro de responsabilidade;
·Fazer uma previsão dos consumos/inputs para alcançar esses
objectivos;
·Efectuar um controlo do centro relativamente à sua eficácia e
eficiência.
É importante salientar que um centro se torna eficaz quando
consegue alcançar os seus objectivos e é considerado eficiente quando melhora o
desempenho dos seus recursos.
Deste modo existirá um controlo muito mais alargado da
organização, não ficando cingindo a valores globais do todo da organização mas conseguindo
decompô-los de acordo com os centros de responsabilidade. Assim, será também
mais fácil perceber as causas e os responsáveis pelos possíveis desvios
orçamentais.
Segundo Sanvicente e Santos
(2016, pag.79), controlar é
essencialmente, acompanhar a execução de actividades da maneira mais rápida possível, e comparar o desempenho
efectivo com o planeado, isto é, o que tenha
sido originalmente considerado desejável, satisfatório
ou viável para a empresa e suas subunidades.
De nada adiantará apenas
planear e, através do orçamento, atribuir responsabilidades pela execução sem
ir verificando se as mesmas estão sendo apropriadamente cumpridas. Isto é
permitido pelo relatório de controlo orçamentário. Mesmo que o planeamento esteja
associado ao controlo, fez-se necessário que as duas funções estejam
formalmente separadas, ressaltando-se assim a importância de cada uma delas
(Dametto, 2013, pag.36).O autor, acrescenta que, através do acompanhamento das
actividades efectivamente realizadas e da identificação dos desvios
significativos em relação aos planos elaborados, o controlo oferece as
seguintes vantagens importantes:
Para
Garrison et al. (2010), um bom plano que não seja acompanhado de um controlo
efectivo torna-se uma perda de tempo e de recursos.
Pereira
e Franco (2000) explicam que não se deve ficar pelo planeamento e elaboração do
orçamento. É necessário analisar a forma como o orçamento está a ser executado,
ou seja, assegurar o seu controlo.
Por
sua vez, Jordan et al. (2015) defendem que o processo de planeamento e
orçamentação seria limitado se não existisse uma fase de controlo dos
objectivos e dos planos de acção. O controlo orçamental apresenta-se assim como
“um instrumento de acompanhamento dos objectivos e dos meios definidos no plano
e no orçamento, assumindo um papel muito activo no processo da gestão
orçamental” (Jordan et al., 2015: 197).
Martin (2011) argumenta que não se trata de vigiar para punir, mas sim de um processo de regulação, de concretização de objectivos, de análise e interpretação de resultados, de medição dos desvios e de desenvolvimento de medidas correctivas para procurar o equilíbrio e manter o sistema da empresa sob controlo. A figura 4 mostra o processo e estrutura do controlo orçamental, segundo a perspetiva do autor.
Desvios orçamentais
Após
definido o orçamento de uma organização para um determinado ano, é necessário
esperar pelo desenrolar da actividade durante esse ano para que seja possível
observar possíveis desvios entre o que realmente aconteceu e o que foi
previsto/estimado.
Todos
os orçamentos têm erros de previsão, uma vez que não se consegue prever com
exactidão o futuro. O controlo orçamental é uma metodologia utilizada para
acompanhar ao longo do tempo o desempenho da empresa e a evolução do orçamento
anual. Permite comparar a performance real da empresa com as previsões
efectuadas no orçamento anual, informando a direcção para que se proceda às
devidas correcções. Neste sentido, o controlo orçamental define-se como “um
instrumento de acompanhamento dos objectivos e dos meios definidos no plano e
no orçamento, assumindo um papel muito activo no processo da gestão orçamental”
(Jordan et al.,2005). Os desvios orçamentais são obtidos através da comparação
dos valores orçamentados pela entidade com os valores reais obtidos. Esta
diferença pode traduzir-se num resultado favorável ou desfavorável à empresa,
dependendo do sinal obtido no cálculo efectuado.
A
estas diferenças é dado o nome de desvios orçamentais, que são calculados pela
diferença entre valores reais e os valores orçamentados (desvios = valores
reais - valores orçamentados) podendo ser favoráveis ou desfavoráveis, conforme
o respetivo sinal e a natureza do que se está a calcular.
Segundo Da Silva (2014, pag.41), após definido o orçamento de uma organização para um determinado ano, é necessário esperar pelo desenrolar da actividade durante esse ano para que seja possível observar possíveis desvios entre o que realmente aconteceu e o que foi previsto/estimado. A estas diferenças é dado o nome de desvios orçamentais, que são calculados pela diferença entre valores reais e os valores orçamentados (desvios = valores reais – valores orçamentados) podendo ser favoráveis ou desfavoráveis, conforme o respectivo sinal e a natureza do que se está a calcular.
Os
desvios podem ser expressos em valores monetários, como acontece na equação 1,
ou em valores relativos, como mostra a equação 2. O significado do sinal obtido
depende da natureza da componente. Por exemplo, um desvio negativo nos
proveitos terá um significado inverso nos custos. Todavia, quanto menor o
desvio observado, mais adequado e rigoroso é o orçamento. Quando se verificam
desvios significativos as responsabilidades devem ser reportadas à área
responsável (Caiado, 2009).
Os
desvios orçamentais são uma importante ferramenta a utilizar pela gestão, uma
vez que fornecem informação mais rigorosa acerca do desempenho das actividades
onde as operações não decorrem conforme o previsto. Desta forma, a atenção dos
gestores pode ser direccionada para as áreas onde os desvios são mais
significativos, ajudando desta forma na melhoria das decisões e dos resultados
futuros. Este tipo de análises permite a produção de relatórios periódicos
sobre os desvios que devem ser relevantes, atempados, precisos e efectivos
(Glynn et al., 1998). Para além disto, a análise dos desvios também é uma forma
de compreensão de outras funções do orçamento, nomeadamente a motivação. A
fixação de objectivos mais ou menos exigentes é compreendida pelos
colaboradores como um processo motivacional. Segundo o estudo de Hirst e Yetton
(1999), a análise dos desvios é fundamental como medida de performance. Os
autores afirmam também que a fixação de metas orçamentais mais exigentes tem um
efeito positivo no aumento do desempenho.
Estes
desvios constituem um meio de avaliação de desempenho dos departamentos e da
organização num todo, dando apoio na tomada de decisão sempre que ocorra a
necessidade de escolher medidas correctivas a executar, com o objectivo de
minimizar ou eliminar um desvio. Para que um sistema de controlo orçamental
possa ser eficaz, este deve associar cada desvio à(s) sua(s) causa(s) e
responsabilizar os departamentos de acordo com o que cada um controla. Após a
análise das causas e responsabilidades, este sistema deve verificar qual a
alteração na previsão anual anteriormente elaborada e explicar os desvios
ocorridos. No entanto, os desvios só são estudados caso sejam superiores a uma
percentagem pré-definida pela organização, para que só os desvios que possam
ter um impacto significativo na mesma sejam avaliados, de forma a realizar uma
boa gestão do tempo de acordo com a relevância de cada matéria (Da Silva, 2014,
pag.42),
Segundo
Jordan (2015, pag.56), esta é a fase onde será feita a comparação entre o
realizado e as metas orçamentárias previamente definidas, de forma a
identificar desvios e definir potenciais acções de melhoria.
Sugere-se
o acompanhamento acumulado, isto é, em Janeiro compara-se o realizado e
previsto em Janeiro, em Fevereiro compara-se o desempenho do mês e também a
soma do realizado e previsto dos meses de Janeiro e Fevereiro e assim por
diante. O principal objectivo do acompanhamento mensal é que os dados obtidos
servem como base para identificação de eventual acção correctivas para o mês
seguinte. Após este fechamento mensal, os gestores devem analisar os dados e
desvios e elaborar os planos de acção que forem necessários (Jordan, 2015, pag
57)
Resumidamente,
a análise dos desvios apresenta-se como um importante instrumento de controlo
na medida em que permite identificar as causas e as razões que estiveram na sua
origem. Possibilita a existência de acções correctivas caso existam desvios
acentuados, ultrapassando as metodologias meramente interpretativas e, por
último, permite uma orientação e responsabilização dos gestores (Drury, 2012).
No
entanto, os desvios só são estudados caso sejam superiores a uma percentagem
pré-definida pela organização, para que só os desvios que possam ter um impacto
significativo na mesma sejam avaliados, de forma a realizar uma boa gestão do
tempo de acordo com a relevância de cada matéria.
Assim e de um modo sucinto o planeamento e o controlo orçamental podem resumir-se a três etapas:
a) Definem-se
os objectivos quantitativos, escolhem-se os planos de acção a seguir e
valorizam-se custos e proveitos, activos e passivos, recebimentos e pagamentos
expectáveis.
b) Calculam-se
os números reais período a período, o que por norma é feito de forma mensal.
c) Comparam-se
os valores obtidos com os previstos, de forma a apurarem-se os desvios
orçamentais e, posteriormente, escolhem-se acções correctivas para combater
esses mesmos desvios.
No
entanto, calcular os desvios apenas de uma forma global não permite fornecer a
informação necessária para apurar acções corretivas a implementar, sendo
necessário apurar responsabilidades. Para tal é necessário apurar o
departamento ou o sector onde o desvio ocorreu, perceber a causa da ocorrência
do desvio – volume, mix, eficiência, preço, etc., e determinar quem, dentro
desse sector, é responsável pelo desvio, pois esse indivíduo irá ter a
influência necessária para implementar a acção correctiva.
Contudo,
é importante manter a perspectiva segundo a qual apenas a responsabilidade por
factores endógenos poderá ser atribuída a um sector ou a alguém dentro de uma
organização. A organização não detém poder de decisão e influência sobre
factores exógenos (meio ambiente exterior), sendo necessário criar mecanismos
para isolar cada um destes efeitos.
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