Autoridades tradicionais
Convém desde logo definir
o que se percebe
aqui por autoridades tradicionais. Assim, uso o conceito no sentido de indicar “os grupos ou
indivíduos investidos de um poder legal institucionalizado, político ou outro, asilado pela sociedade”.
O conceito prende-se então fundamentalmente
com “as instituições de poder pré-coloniais, e não tanto com os indivíduos que
executam essas cargos.
Estes podem ter sido trocados,
ou não, pelo sistema colonial e pelos estados independentes, no entanto, os estabelecimentos mantiveram-se,
e não perderam legitimidade política”.
Enquadramento Teórico
Alguns autores (por exemplo Rouveroy van
Nieuwaal) têm salientado o lugar das autoridades tradicionais, enquanto
“pontes” entre o estado contemporâneo e a sociedade civil, especialmente nas campos da democratização
das estruturas
políticas locais, do desenvolvimento;
dos direitos humanos; e da protecção ambiental. A ideia a salientar é a de que
as autoridades tradicionais têm reemergido, nas actuais técnicas de mudança para a democracia em África, devido à impotência, ou insuficiência dos
estados, e que, nesse sentido, as autoridades tradicionais têm trabalhado como veículos
privilegiados das demonstrações
políticas locais. Tal seria uma resultante do facto de que a legalidade política das
A.T. deriva de normas
de legalidade
política diversas
das dos actores estatais modernos, e seria melhor aceite pelas populações
locais. Referi-se à legitimidade resultante da tradição.
Por outro lado, as A.T. mantém relações
políticas e económicas com as estruturas estatais, e em muitos casos detêm
mesmo sítios de
estado. Nesse sentido, pode então garantir-se que as A.T. estariam assim encrostadas entre dois
sistemas políticos com legitimidades diversas. Isto apareceria a dupla natureza do espaço político das autoridades tradicionais. Por
um lado, a legitimidade tradicional, por outro a união aos estados modernos.
Este assunto não é nova, pois já emana desde o tempo
colonial. Na verdade, o colonialismo,
fosse qual fosse o modelo, utilizou as A.T. enquanto acessórios valiosos, no controlo da mão-de-obra, na iniciação das produções
comerciais, na recolha de tributos,
e na manutenção da autorização
social. Às A.T. foram lhes prestados
lugares no aparelho administrativo colonial, o que levou Von Trotha a alcunhar as chefaturas
como “chefaturas administrativas”. As A.T. actuariam então como mediadores entre o Estado
(colonial e pós-independente) e as comunidades locais, o que em certo sentido confirma a incapacidade
dos Estados em entrarem
nas comunidades locais africanas.
Mas este sítio de medianeiros coloca
problemas assisados
às A.T., e pode garantir-se que se aborda de um
sítio social de extraordinário equívoco. Isto pauta-se com o que John Lonsdale determinou como political accountability. Esta consideração define a maneira como se pautam subordinados e subordinantes. A força do poder político
joga se na definição das responsabilidades impostas aos chefes e na noção de accountability,
isto é, na obrigatoriedade moral destes em exercerem com esses mesmos encargos.
Nesse sentido, political accountability menciona-se a um processo
relacional pelo qual o poder político se encaixilha dentro de certos limites considerados admissíveis pela
comunidade. Redundâncias
de poder podiam derivar
a perca de legitimidade política dos chefes. Assim, a ambiguidade da parte das
A.T. encontrase no facto de terem
responsabilidades para com dois sistemas políticos distintos, (o do estado colonial e
pós-colonial e o das sociedades locais), com empenhos por vezes antagónicos. Utilizando,
heuristicamente o exemplo
da articulação de modos de produção, diríamos que as A.T. desde o colonialismo
que se localizam na
plataforma articulacional entre dois modos políticos distintos.
O colonialismo marca assim, um período de alteração nos sistemas de
“political accountability” das A.T. por
relação ao tempo pré-colonial.
No entanto, a essa tese é a de que o colonialismo influiu abaixo nas armações de poder
tradicional, por empenho
próprio da sua reprodução material, do que os estados livres. Pode assim prosseguir-se que o sistema colonial teve
uma ampla
ambivalência para com as estruturas políticas pré-coloniais, que se sintetizaram em dois amplos processos: por um
lado houve a desestruturação do padrão das relações políticas pré-coloniais, por meio da sedimentação
indenitária de grupos sociais, agora beirados a um lugar
geográfico preciso, acentuado
em termos de aprovação
étnica, e submetidos
a uma organização administrativa e política única, a do Estado colonial.
Neste
caso, as autoridades políticas pré-coloniais, igualmente contidas a esse novo
poder exógeno, submergiram
partes significativas dos seus prévios atributos políticos, como por exemplo o de determinarem sobre a
guerra e a paz, sobre a vida e a morte dos seus súbditos, ou sobre a extração arbitrativa de vendas.
Noutro sentido, e fosse qual fosse o padrão da relação adoptada pelo colonialismo face às sociedades
pré-coloniais, os Estados coloniais usaram as autoridades pré-coloniais como acessórios do processo de dominação
político administrativa, guardando
algumas das suas anteriores cargos,
precisamente aquelas que satisfaziam
às necessidades do aparelho colonial.
A ambiguidade da circunstância das autoridades pré-coloniais
no situação
colonial, advém em parte da própria ambiguidade da sua legalidade política face às populações à
sua cargo. Se por
um lado, perderam poder com a submersão numa estrutura exógena, por outro lado, puderam desfrutar de um aparelho
de ascendente mais
poderoso e rico, e retirar assim melhoramentos económicos e sociais, e ao mesmo tempo sedimentar
o seu poder face a grupos, ou indivíduos, anteriormente recalcitrantes. Pode
assim finalizar-se
que, não obstante o
colonialismo ter proporcionado
uma fractura no sistema de “political accountability” das sociedades
pré-coloniais, esta não evitou
a preservação/continuidade das estruturas políticas pré-coloniais, segundo padrões bastante
diferenciados, de colónia para colónia, e de região para região. No entanto, a
dessacralização parcial do poder tradicional, como resultado da penetração colonial, e mesmo
sob as decorrências
da cristianização, estabeleceu
um factor primordial na perca de alguma legalidade das autoridades tradicionais
pré-coloniais.
As autoridades tradicionais jogam um
grande papel no meio
das comunidades, sobretudo, nas rurais, auxiliam a modernizar a acção governativa do
Estado nas árias de saúde, educação e desenvolvimento económico, daí para
cumprirem com o seu papel elas necessitam de um apoio moral e maciço das Autoridades Modernas
Exercício do Poder Tradicional
O conjunto de diversos Lumbis,
devido ao sistema de resistência patriarcal, compõe um vata, sendo este comandado por um mfumu - e - vata o representa o poder tradicional jurídico de um apontado Kanda. Entre os lumbis constituintes do
vata há laços de
parentesco por filiação ou a finidade, sejam eles próximos ou afastados. A nível do
vata para além do mfumu que pertence ao kanda criador , tem uma personalidade denominada: Soba ou Dukyi e outra que é
chamada Koba. Ambos podem ficar
a qualquer Kanda presente no vata, sendo encarregados presentes na reunião do mfumu -e- vata e mbanda-mbanda
ou madukyi
que são os velhos ajuizados
emissários das distintas Kandas aí
presentes.
O mfumu-e- vata tende poderes sobre a
terra, o Soba ou Dukyi possuí a cargo chefe,
exercendo-a sobre a orientação do primeiro, e o Koba serve de porta-voz quer de
um quer do outro. As decisões concernentes as grupos são tomadas por um conselho constituido pelo
mfumo-e-vota, pelo Soba ou Dukyi, pelo Mboka, Mbamda-Mbamda ou Mudukyi.
A escolha dos Mfumo é feita pelos
Kanda influentes,
contudo, este acto de descendência
não é automático. O Kanda designa o sucessor mas esta nomeação é confirmada pelo conselho
de anciãos que em caso de não concordância, a mudança do elemento melindrado, sendo no entanto bastante raras estes casos.
Acima dos Mavats aparecem os Mbaza, que
são o adjacente de
alguns deles. Têm também um chefe chamado Mfumu-e vata, que incumbe ao Kanda predominante e vários
Sobas pertencentes a Kanda em cada vata.
Permanece também o
Mkoba que compete a
qualquer Kanda como já acenado
é o porta voz.
Entre os Mbanzas e o poder central simulado pelo Ntelo ou
ntino não nos foi admissível
localizar alguma
outra forma de coordenação
administrativa, podemos pensar terem sidos os Mbanzas alegados a base da coordenação das Províncias a base do reino
do Kongo a que acenaram
os cronistas antigos. Nesta resolução
de ideias, as Províncias citadas
seriam constituídas por diversas Mbanzas.
Autoridades tradicionais contexto histórico
Sendo a província o berço do Reino do
Komgo, não é mistério
pra ninguém que foi um dos maiores Reinos do Sul do Sahara, com uma coordenação e administração
bem extruturadas.As regedorias e os Sobados são extruturas atribuídas pelo
Colonialismos Portuguê, são encafifas
a Cultura Bakongo, abalroaram
com os poderes do NTOTELA ( REI do Kongo ); MFUMU A VATA ( Segunda chefe de
aldeia ); NKUKULU ( Chefe de aldeia na reigião do SOYO ), DUKU DIA AT ( Segunda
pessoa da aldeia ), MBADA MBADA ( Conselheiro ) e o BOKA ( conselheiro ) Depois
de várias meditações
conclui-se:
NTOTELA REINO ( REINO DO KONGO
); MFUMU A VATA ( chefe de aldeia ); NKUKULU
( Chefe de aldeia na reigião do SOYO ), DUKU DIA AT ( Segunda pessoa da aldeia
), MBADA MBADA ( Conselheiro ) e o BOKA ( mensageiro ); são
as Autoridades Tradicionais. Autoridades Tradicionais prometem-se a colaborar e em auxiliar o Governo
na dissolução
de problemas sócio-económicos.NTOTELA
REINO ( REINO DO KONGO ), a ser
eleito, o seu estatuto deverá ser bem estudado, tendo em conta que têm Bakongo nas
províncias do: Uíge, Cabinda e Bengo no Baixo-Congo, na República Democrática
do Congo, e Congo Brazzavil.
Direito costumeiro e educação tradicional
Em todos os encotros concretizados, os pontos afluíram na atraso da moral e ética da tradição Bakongo, dos usos e tradições.Assunto do alambamento,
actualmente é comercializo
a nóiva é vendida, por somas demasiadas
que se exigem além de matérias, por isso há moças que se deixam engravidar para irem viver
maritalmente, contornando assim o alambamento. Nas cerimónias fúnebres, já não
há respeito pelos cadáveres,
uns comparecem De
de calções, nota-se a introdução de bandas sonoras e ou os gravadores para
tocar músicas, os jogos de: damas, xadrez e sueca ( baralho ) de cartas.Com a
reposição da forma do
NTOTELA , MFUMU A VATA ; NKUKULU ,
DUKU DIA AT MBADA MBADA, estes ecarregar-se-ão de melhorar a imagem actual,
educando as novas famílias.
Os jangos não são de tradição Bakongo, os seus puddames são concertados debaixo das
frondosas árvores, as Nsambas ( Mulembeiras ), por isso não se mandou erguer jangos.
Poder Local em Angola
O
poder local é uma facto
antigo em Angola, quer dizer, tem e está reunido
antes do aparecimento
do Estado moderno efetivamente. Durante a fase de ocupação colonial, o
território angolano era administrado
por integrações
políticas, sobretudo reinos orientados
por um sumo, de
acordo com um princípio
de filiação ou de ascendência
cuja origem do poder assentava nos ancestrais, num desígnio milagroso ou divino.
Na
realidade, havia reinos com bons
poderes, amplos e
com várias
instituições. De entre os mais manifestos encontra-se o do Congo, os não menos extraordinários de
Kassanje, Ndongo, Matamba, Bailundo e Ambundu. Simultaneamente, outras unidades
políticas organizavam-se em formas mais simples, em união de comunidades unidas pelo afinidade ou por um ancestral comum mítico,
sem um poder centralizador e com instituições políticas muito simples. Outros
ainda, à relação
dos caçadores-recolectores atuais do Sudoeste de Angola, apenas condescendes no grupo
doméstico, sem outra supervisão
que não a do poder paternal.
As
doutrinas coloniais portuguesas – esclarecimento usado por comodidade, já que evidentemente estas transformam muito ao
longo dos séculos XIX e XX – assentaram em conceitos bastantes distintos. Nas colónias portuguesas, individualmente em
Angola, os africanos podiam, se assim o almejassem, abdicar os seus universos e afiliações normativas,
desde que o arranjassem
definitivamente e ornamentassem
com o sistema político jurídico do governo colonial. Um dos elementos de verificação da “missão
civilizadora” portuguesa fundamentava-se
na ideia de que os africanos optariam
ultrapassar a fronteira civilizacional que os apartava dos portugueses oriundos, através da constante banimento de usos e
costumes tradicionais
A
Segunda Guerra Mundial teve um impulso intenso
no continente. Os Estados coloniais foram comovidos. Depois da independência de Angola, nos ambientes governamentais,
era normal confiar-se
que muitos dos chefes contribuíam
ativamente com os portugueses e que teriam recebido acrescimentos indevidos. Os chefes
tradicionais importavam
por isso entidades politicamente anacrônicas, que o partido no poder se sentia compelido a erradicar.
Contudo, uma boa parte da população tradicional imediatamente se impôs: os “chefes tradicionais”
eram sucintos, pelo
menos numa primeira etapa,
para um aprendizado
eficaz do poder estatal
Novas
e patéticas
conjunturas que derivaram
do reinício da guerra nos anos 1990 abrandaram de novo o controlo do governo, tendo em conta a imensidão territorial e
populacional. O Governo tornou-se inábil de desempenhar
o poder, ou pelo menos de conservar
uma boa parte do seu papel governamental. O Estado angolano, em 1999,
reorganiza-se principalmente
no que toca às afinidades
entre o centro e a periferia. Para isso, decidiu readquirir figuras locais. As autoridades
tradicionais ganharam
uniformes e um salário mensal A posição das autoridades tradicionais como intercessores na ligação
com o Estado é claramente
a sua mais forte marca, de um outro ângulo, será eventualmente como entidades
que foram admitindo
um papel a meio logradouro
entre o central e o local.
Atualmente,
as autoridades tradicionais emergentes são na facto agentes locais reunidos, intermediários cujo aspecto é muitas vezes anormal. Estão a ser
reconhecidos como agentes dinâmicos
na tensão entre o
nível central e o local. Como efeito de todas estas reconfigurações sociopolíticas e
económicas, temos hoje em
dia como chefes, entidades que raramente ajeitam nos padrões clássicos, ao oposto do passado. Os atuais chefes
tradicionais estão postos
em muitos casos por conformidade
política em certas lugares.
0 Comentários